VIDA URBANA
por Cláudio El-Jabel
Por esses dias fui andar de busão,
Sim aquele que todos usam para seu trabalho,
O barulho nem falo,
É um horror de ouvir,
Aquela maldita catraca que roda,
Que conta pessoas como gado,
Onde se empurram como se algo lhes desse a chibata no lombo,
É a hora, é o trampo, é o encontro,
Sempre no atraso,
Maldito também o relógio,
Que com seu tic-tac incessante,
Reverbera o atraso de quem dele se guia,
Viver dessa forma não é vida,
Não é inteligente,
Provavelmente,
Mas é fato comum,
Às vezes me permito ser apenas mais um,
Tenho que me manter entre os iguais,
Mesmo que não o seja mais,
Regular-se nas engrenagens da vida cotidiana,
E há quem respire tudo isso,
E ainda diga que é tudo muito bacana.